OBS: Este post eu escrevi no dia 17/08/2009 no blog
dos meus filhos.
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Olá, amigas. Como eu havia prometido, os posts dessa semana irão ser dedicados à história da minha vida. E parece que, como caminhos que Deus delineia, surgiu uma nova leitora aqui no bloguinho, a Letícia, de São José dos Campos-SP, e que me proporcionou a oportunidade ímpar de falar sobre algo, o qual eu não tenho o menor pudor em externalizar. Pois bem, começarei falando da minha vida, não pelo "começo", mas com certeza, pela melhor parte: Filhos, mais especificamente, DAVI. (Deixa eu abrir um parêntese pra dizer à Letícia que pode entrar em contato comigo SIM para conversarmos e para que eu possa ajudá-la no que for preciso. Meu e-mail é analauradm@hotmail.com, esse também é meu endereço de msn, caso você tenha e queira me adicionar, fique à vontade.).
Pois bem, eu já falei sobre esse tema algumas vezes no bloguinho, mas sempre é válido recordar: O fato de Davi ter nascido com Fissura lábio-palatina. Vamos começar pelo seguinte questinonamento: Quando a gente se descobre grávida e dentro de algumas semanas vamos fazer uma ultrasonografia morfológica de nosso bebê, qual é o nosso primeiro e principal desejo? Eu responderia que o principal desejo é que o nosso filho seja perfeitinho, não tenha nenhum problema de saúde e que todas as suas estruturas físicas estejam em perfeita harmonia. Mas, e quando você descobre que a situação do seu filho não é bem essa? Que ele nascerá com alguma alteração, ainda que passível de correção, mas com a qual ele conviverá durante toda a vida? O que você faz? O que você pensa? Como você age no primeiro momento? Eu acredito que bate um desespero, né? Uma vontade de chorar sem controle...Uns pensamentos do tipo, por que com meu filho? Por que eu, sendo uma pessoa honesta, boa para com os outros e justamente comigo acontece algo assim? É, amigas, pelo menos comigo foi assim. Uma semana de choro, de incertezas, de falta de conhecimento sobre a má formação do meu filho,e digo mais, as semanas que se seguiram, os meus ouvidos escutaram todo tipo de informação deturpada acerca de uma criança portadora de fissura. Imagine você, grávida de quase sete meses, já havia descoberto que seu filho nasceria com uma má formação e o povo no seu ouvido dizendo "Olha, se prepare, viu, porque esse tipo de criança tem tendência a desidratação, pois não conseguem se alimentar direito". "Olha, eu conheço a filha de fulaninha que nasceu com fissura no palato e tem a fala nasalada, ninguém a entende e agora está com problemas auditivos". "Menina, eu conheci uma mulher que quando o filho dela nasceu, todo mundo da cidade foi olhar, por causa da fissura no lábio, e isso chamava muito a atenção, então todos queriam ver o menino". "Ah, é por isso que eu sou à favor do aborto, quando eu fui fazer o exame de transluscência nucal eu quis logo saber se tava tudo normal, pois do contrário, eu abortaria numa boa". Estão pensando que é mentira, né? Pois, até isso eu ouvi. E eu escutando esse blablablá que, trocando em miúdos, não levaria à mim e a meu filho a lugar algum. O que eu fiz, então? FUI À LUTA. Pesquisei muito na internet, conheci mães de filhos fissurados, conversei com profissionais da área de saúde e conheci, antes mesmo de Davi nascer, o cirurgião responsável pelas cirurgias de fissuras lábio-palatinas aqui da cidade de João Pessoa, Dr. Paulo Germano. A conversa que tive com ele não apenas me instruiu, mas me aliviou. Eu tive a certeza de que meu filho teria vida normal. Dr. Paulo também foi o responsável por me apresentar algumas mães de crianças com fissuras e o contato com estas foi-me útil por demais, pois através dos filhos delas eu tive a certeza do progresso que o meu filho obteria. Enfim, como muitas de vocês sabem, quando Davi nasceu, a extensão da fissura dele era maior do que o que os médicos visualizaram na ultrasonagrafia. Aliás, o caso de Davi é o grau maior de fissura lábio-palatina. E aí, senta que ainda vem mais história. Nos primeiros dias de vida, ao alimentá-lo, eu notei-o ficando cianótico (roxinho) no lábio e língua. Me desesperei por completo. A "médica" pediatra da equipe do meu obstetra, que na época estava acompanhando Davi, pois até então eu não conhecia nenhuma outra pediatra, disse que não podia examiná-lo naquele momento pra saber o que havia acontecido, eu e meu esposo, no desespero, rumamos pra maternidade aonde meu pai trabalha e lá duas pediatras o atenderam, se entreolharam e disseram "a fissura dessa criança é extensa demais, talvez ele só possa ser alimentado através de sonda". Conclusão: O leite havia entrado pelas vias nasais, por isso apareceu a cianose. Lá vai eu ligar para Dr. Paulo (o cirurgião), desesperada, dizendo que o menino só poderia ser alimentado por sonda, etc,etc. E diante da indignação do cirurgião acerca do que as pediatras haviam falado, este me ensinou como eu deveria proceder para alimentá-lo corretamente e com mamadeira normal, e desde então, Davi nunca precisou tomar leite ou qualquer outro nutriente através de sonda, NUNCA precisou ser interno em hospital por desidratação, SEMPRE se manteve com desenvolvimento pôndero-estatural adequados para a idade dele (aliás, ele sempre foi grandinho pra idade dele). Portanto, mães de crianças fissuradas, esqueçam os mitos e se fixem apenas no AMOR. Portador de fissura lábio-palatina tem desenvolvimento normal. E, sem querer levantar bandeiras aqui, mas pra aquelas que pensam em aborto como sendo uma atitude que sanará o SEU problema, o que tenho a dizer é que na minha opinião, isso é egoísmo,e infelizmente, vocês estarão perdendo a maior oportunidade de suas vidas de poder vivenciar o amor, de poder vibrar a cada obstáculo ultrapassado por seu filho e vê-lo crescer pleno e feliz. Lembrem-se disso.
OBS: Como algumas pessoas me pedem para colocar o ANTES e DEPOIS de Davi (após as cirurgias) eu deixo aqui algumas fotos para que vocês entendam como era a fissura de Davi ao nascer e como ele evoluiu após as cirurgias.
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